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Educação: processo dinâmico e participativo

Foto do escritor: William VieiraWilliam Vieira

Por: Maria das Graças Silva*


Este será um espaço de expressão criado para falarmos de educação e cultura em nosso município. Um espaço focado nas experiências positivas, através de entrevistas que precisam ser compartilhadas com todas as pessoas que moram aqui.

Boas práticas, independentes de qualquer posição ideológica, porque no meu ponto de vista o que promove o crescimento de um país, estado e cidade é o respeito e reflexão a todo o processo de desenvolvimento que promova a qualidade de vida das pessoas, respeitando principalmente a diversidade e liberdade de pensamento.


Considero que todos nós somos seres em construção e que as nossas experiências externas e ou internas, sejam elas boas ou ruins, vão nos tornando seres melhores a partir da nossa capacidade de reflexão e de compreensão de todo o contexto que nos cerca.


Fizemos parte de um universo interligado e conectado. Por isso é de suma importância que estejamos sempre bem informados, pesquisando em fontes oficiais e confiáveis, pois a desinformação e ou notícias falsas manipuladas nos levam a acreditar em um único ponto de vista, fechando também a porta para a reflexão.

As escolhas são pessoais, mas o próprio universo, a natureza e a história nos aponta o caminho para o equilíbrio. Isso não significa que temos que aceitar todos os pontos de vista, mas considerá-los, abrindo espaço para o diálogo respeitoso, pois somos seres humanos com formação educacional diferentes.


Quando me convidaram para escrever essa coluna me senti extremamente honrada em poder contribuir com a minha experiência na área da educação e cultura. Foram 36 anos de serviços prestados na educação em todas as redes educacionais: privada (São José), municipal (São José), estadual (São José e Governador Celso Ramos) e federal (Florianópolis). Atuando em todas as séries: educação infantil, séries iniciais, ensino fundamental e médio. Trinta anos dos quais na mesma unidade escolar, neste município com a função de orientadora educacional na EEB. Professora Maria Amália Cardoso, na Fazenda da Armação. Sendo dois destes anos à disposição do Estado na coordenação do processo de extinção das escolas multisseriadas no município.


No exercício de minha função no Estado, tive o privilégio de participar do processo de extinção das escolas multisseriadas, onde o estado me deu a oportunidade de conhecer todas as escolas que existiam nos bairros neste município, isso nos anos 90.


As escolas eram chamadas de Isoladas e Reunidas. Para quem não conheceu, as escolas multisseriadas eram formadas por classes com as quatro turmas em uma única sala de aula e somente uma professora ou professor, das quais sempre considerei como grandes guerreiras e guerreiros.


Imaginem o desafio! Tinham que ministrar aulas para quatro turmas diferentes em uma sala somente, tendo que se dividir em quatro conteúdos. É indescritível a versatilidade e controle que essas mulheres e homens tiveram que desenvolver para promover o ensino no município, formando os nossos cidadãos.


Se hoje a situação é difícil para muitas, imaginem naquela época. Tanto para elas e eles, como para as mães e pais que muitas vezes tinham que se deslocar a longas distâncias para levar seus filhos a escola e proporcionar a eles a oportunidade de ter educação. Mães e pais que também considero grandes guerreiras e guerreiros por não desistirem da educação de seus filhos.


Sim, vivemos realidades adversas no século vinte na educação, com situações como essas.

Esse resgate histórico é de suma importância para compreender como crescemos e avançamos na educação, principalmente em nossa cidade. Embora, muitos façam sérias críticas a educação, é importante perceber e reconhecer que houve um significativo avanço na qualidade do serviço prestado nessa área em nosso município.


Lembrando que a educação é um processo dinâmico e deve ser sempre participativo com todos os setores envolvidos. Há muito a crescer e melhorar ainda, mas é inegável esse avanço.

Eu ia a pé e de carona para o trabalho no trajeto de Palmas a Fazenda da Armação com o padeiro que saia do Jordão, chamado seu Zaqueu, e de ônibus quando chovia, isso no tempo em que só tinha um ônibus para ir de madrugada e outro para voltar no final da tarde. Isso nos anos 90.


Hoje os educadores e estudantes viajam entre bairros com ônibus escolar com ar condicionado e vans, melhorando a condição de deslocamento dos professores, funcionários e estudantes.

Faço uma ressalva aqui: é claro que atualmente o investimento não é só local, o grande avanço e incentivo à educação na parte estrutural deve-se ao olhar mais apurado do Governo Federal, que a partir de 2003 com as Conferências Nacionais da Educação criou políticas públicas para tais melhorias, através dos recursos provenientes do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). A partir dessa época, a parte de transporte escolar recebeu uma atenção bem maior, além da ampliação no atendimento aos livros didáticos que passaram a abranger outras áreas de conhecimentos gradativamente, tais como: sociologia, filosofia e artes, além de atender a literatura, melhorando o acervo das bibliotecas nas escolas. Isso até 2019, último ano que trabalhei no serviço público. Todas as 12 disciplinas do Ensino Médio, com a exceção de Educação Física, tinham livros didáticos.


A memória histórica é importante para lembrar que essa evolução se deu por um processo de interferência da sociedade, através de suas reivindicações para a melhoria do processo educacional.

Hoje em nossa cidade eu percebo um poder público bem mais sensível e aberto a sugestões e reivindicações da comunidade escolar. Bem mais atento, mais amadurecido. Mas, tudo é um processo de evolução, onde os gestores estejam prontos para ouvir e assimilar as vozes da comunidade, bem como, qualificar as críticas e transformá-las em políticas públicas mais eficientes à população do município.


Educação é assim, um processo dinâmico e o poder público não pode de forma alguma ensurdecer as petições de todos os seguimentos da sociedade, porque a sociedade é um sistema interligado e não pode estar fechado a todas as vozes da cidade.

Espero sinceramente que nossos leitores possam aprender com todas as experiências e compartilhar os aspectos positivos e transformadores com um olhar isento.


Uma cidade se faz para todos e com bons exemplos, aprendendo com as diferenças. Então, sempre se pergunte: Como podemos construir uma cidade melhor para todos? Porque todos merecemos viver bem num lugar melhor.

Aguarde a nossa primeira entrevista sobre educação e cultura que será com o Professor João Honório Marques. (Filho de pescador, Professor de séries iniciais e Ex-Diretor).


*Maria das Graças Silva é Professora e Orientadora Educacional aposentada, Escritora, ocupante da cadeira 30 da Academia Municipal de Letras de Governador Celso Ramos. Escreve para a Tribuna Gancheira quinzenalmente.

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